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Estudos
Nesta seção, a equipe de Tênebra indicará estudos acadêmicos que tratam de obras, temas, autores e poéticas presentes em nossa biblioteca digital obscura. A cada quinzena, atualizaremos esta página com recomendações de livros, artigos e ensaios.
Sob o domínio do Rei Peste
As doenças constituíram uma das temáticas mais produtivas para a literatura de horror de diferentes países e épocas. Sem fugir à regra, a produção brasileira de meados do século XX conferiu particular importância a elas. É o que nos indica Alexander Meireles da Silva neste artigo, publicado em 2014, quando analisa a representação de epidemias diversas — como as de sifilis, febre amarela, varíola e hanseníase — na ficção nacional da Primeira República (1889-1930). O pesquisador revela como os recursos do gótico foram empregados por autores como João do Rio, Coelho Neto, Valdomiro Silveira, Monteiro Lobato e Hugo de Carvalho Ramos em narrativas que explicitam o impacto das moléstias sobre os habitantes das cidades e dos sertões.
As Artes do Mal: textos seminais
Em As Artes do Mal; textos seminais, volume organizado por Claudio Zanini, Júlio França e Oscar Nestarez, estão reunidas traduções de textos escritos em alemão, espanhol, francês e inglês por autores de nacionalidades distintas, cobrindo um intervalo de tempo que vai de 1588 a 1935. São reflexões feitas por filósofos, críticos e escritores a respeito de expressões como gótico, horror, grotesco e narrativas de crime, entre outras. Por sua característica painelista, esta antologia funciona não apenas como porta de entrada para quem deseje se iniciar nos estudos sobre as poéticas do mal, mas também como fonte de perene consulta para todos e todas que precisem retornar aos fundamentos deste fascinante campo de pesquisa.
Espacialidade gótica e horror em “Sem olhos”, de Machado de Assis
Os recursos narrativos do Gótico foram produtivos não apenas para autores pouco conhecidos da literatura brasileira, mas também para grandes nomes do nosso cânone. É o que nos revela Renata Philippov em seu artigo, publicado em 2018, sobre o conto “Sem olhos” (1876), de Machado de Assis. Na primeira seção do trabalho, a pesquisadora apresenta algumas definições da estética gótica, ressaltando a importância da construção de espacialidades sombrias para essa ficção. Em seguida, demonstra como o escritor fluminense se apropriou das técnicas góticas em seu texto, adaptando-as ao contexto local e valendo-se de estratégias de verossimilhança. Por fim, chama atenção para o título da história e destaca como a ironia machadiana também se faz presente nesse caso.
Do castelo à casa-grande: o “Gótico brasileiro”, em Gilberto Freyre
Neste artigo, Fernando Monteiro de Barros propõe a noção de Gótico brasileiro, que viria a ser bastante debatida em nossa área de estudos. A partir de uma comparação entre o castelo do gótico inglês, a plantation do Southern Gothic e o espaço da casa-grande arruinada, o professor defende que a tradição gótica explora o “aspecto fantamástico de uma estrutura social derrotada e antiga convivendo no cenário da modernidade”. Embora o estudo tenha como foco uma obra — Casa-grande & senzala (1933), do sociólogo Gilberto Freyre —, a descrição proposta é verificável em outros textos da produção nacional, que também exploraram o passado escravocrata e a velha estrutura social do país como fonte de terror.
A tradição feminina do Gótico
A tese de Ana Paula Araujo dos Santos tem o mérito de propor um modelo narrativo do Gótico feminino, indicando suas principais características formais e temáticas. Além de abarcar obras em língua inglesa, o corpus ficcional do trabalho é composto por contos, novelas e romances da literatura brasileira, como os textos de Ana Luísa de Azevedo Castro, Carolina Nabuco, Clarice Lispector, Emília Freitas, Júlia Lopes de Almeida, Lya Luft, Lygia Fagundes Telles e Mme Chrysanthème. Ao longo de três capítulos, o leitor acompanha as modificações dessa poética na escrita de autoras tanto do século XIX quanto do XX.
Poéticas do mal: a literatura de medo no Brasil (1830-1920)
Poéticas do mal: a literatura de medo no Brasil (1830-1920) é o resultado de mais de 10 anos de pesquisa dedicada à produção do medo na literatura brasileira — da violência social às manifestações de crenças e eventos sobrenaturais em nossa ficção. O livro propõe uma história panorâmica das variações históricas e geográficas da representação cultural do medo em nossa literatura e os processos responsáveis pela produção dos seus efeitos estéticos. Com uma primeira edição esgotada há anos, a Acaso Cultural recupera essa obra fundamental do estudo do medo na literatura brasileira em uma edição revisada e ampliada com glossário, linha temporal e um novíssimo projeto de arte.
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