A face disforme da Belle époque: o monstruoso e a cosmovisão de “Eu”, de Augusto dos Anjos e de “Uru

Em parte da historiografia literária brasileira, o período da Belle Époque foi descrito como um momento de produções literárias leves, alegres e ligeiras. Tal entendimento, bastante parcial, desconsidera a pluralidade de obras publicadas no país que revelaram um lado bem mais obscuro dessas décadas. No artigo de Fabiano Santos, de 2016, apresenta-se uma “face disforme” desses anos iniciais do século XX, a partir dos poemas “Eu”, de Augusto dos Anjos”, e dos contos de “Urupês”, de Monteiro Lobato. Para o pesquisador, os dois livros se utilizam de figurações monstruosas para criticar o processo de modernização brasileiro e revelar “as contradições sociais do país, as marcas de barbárie que se imprimem na história e o lado sórdido da condição humana”.